Portugal Diário
- 11 Nov 05
Maus alunos têm aulas de recuperação já no
próximo período
PDiário: Estudantes com
dificuldades vão ter aulas extra e actividades
de compensação. Alunos repetentes também vão ter
apoio reforçado. Sobredotados vão contar com
actividades de enriquecimento. Estrangeiros
terão acesso a aulas especiais de português
A partir do segundo período
deste ano lectivo, os alunos do
primeiro ciclo que mostrarem
dificuldades de aprendizagem vão
começar a ter aulas de
recuperação. A definição dos
planos de acompanhamento foi
publicada esta quarta-feira em
Diário de República, ficando
automaticamente em vigor ainda
neste ano lectivo.
Segundo o despacho, o
Ministério da Educação (ME)
definiu que «a retenção deve
constituir uma medida pedagógica
de última instância», e, como
tal, decidiu apostar em planos
de recuperação e acompanhamento
dos alunos do ensino básico, de
forma a assegurar «a todos os
alunos as condições adequadas à
obtenção do sucesso educativo».
Sempre que, no final do
primeiro período, um aluno não
tenha desenvolvido as
competências necessárias para
prosseguir com sucesso os
estudos no primeiro ciclo, ou,
no caso dos restantes ciclos do
ensino básico, tenha três ou
mais negativas, o professor ou o
conselho de turma tem a função
de elaborar um plano de
recuperação, que deve ser
apresentado aos encarregados de
educação logo na primeira semana
do segundo período e
implementado de imediato.
O plano de recuperação pode
passar por uma pedagogia
diferenciada na sala de aula,
programas de tutória para apoio
a estratégias de estudo,
orientação e aconselhamento do
aluno, actividades de
compensação e aulas de
recuperação.
Os alunos oriundos de países
estrangeiros têm ainda acesso a
actividades de ensino específico
da língua portuguesa.
Quanto aos alunos que já
tenham chumbado no ensino
básico, o ME desenvolveu o plano
de acompanhamento, que passa,
tal como o plano de recuperação,
por uma estratégia diferente de
ensino na sala de aula ou por
aulas de recuperação e
actividades de compensação.
Para estes alunos repetentes,
o ME criou ainda a hipótese de
adaptações programáticas das
disciplinas em que o aluno tenha
revelado especiais dificuldades
ou insuficiências.
Este plano de acompanhamento
é elaborado pelo conselho de
turma e aprovado pelo conselho
pedagógico.
Quando um aluno já chumbou e
mostra que continua a não
possuir as condições necessárias
à sua progressão, passa a ser
submetido a uma avaliação
extraordinária, para que sejam
ponderadas as vantagens de uma
nova retenção.
Já os alunos que «revelem
capacidades excepcionais de
aprendizagem» como, por exemplo,
os sobredotados, passam a ter
disponível um plano de
desenvolvimento, que engloba
actividades de enriquecimento em
qualquer momento do ano lectivo
ou no início de um novo ciclo.
Os recursos humanos e
materiais necessários à execução
dos planos de recuperação, de
desenvolvimento e de
acompanhamento são assegurados
pela direcção executiva do
agrupamento ou escola, que tem
de, no final do ano lectivo,
enviar à direcção regional de
educação respectiva um relatório
de avaliação.
«Nada disto é novidade. Não
está neste decreto mais do que
aquilo que as escolas já fazem
hoje», defende Mário Nogueira,
da Federação Nacional de
Professores (FENPROF).
«A saída de mais este
despacho mostra que esta equipa
do ME não quer ouvir ninguém. A
FENPROF pediu para ser ouvida
sobre as formas de aplicação
deste despacho, mas nem resposta
recebeu. Apenas tivemos
conhecimento da sua elaboração e
publicação», diz ao
PortugalDiário o
representante dos professores.
Mário Nogueira adianta que
«as escolas, em geral, já
promovem este tipo de
actividades» e acrescenta que,
com este despacho, «o que o ME
pretende é conseguir que estes
apoios pedagógicos que já eram
facultados em tempo lectivo
passem a ser integrados na
componente não lectiva, fazendo
com que os professores fiquem
com o seu horário não lectivo
cada vez mais preenchido e com
menos tempo para prepararem o
seu trabalho».
«Esta medida não traz
novidade. Quanto muito exige às
escolas que passem a informação
do que fazem neste sentido ao
ME», diz ao PortugalDiário.
«Se quisessem criar algo de novo
teriam tido a preocupação de
discutir com os parceiros»,
conclui.