Público - 12 Nov 05
alterações ao concurso de professores
Ministério quer acabar com destacamentos por
aproximação
Isabel Leiria
De acordo com a proposta apresentada pela tutela,
as colocações por quatro anos serão obrigatórias e
estendem-se aos contratados
Os destacamentos pedidos por
professores dos quadros para se aproximarem de casa
e por preferência conjugal poderão já não ser
possíveis no concurso para o próximo ano lectivo.
O Ministério da Educação (ME) entende que estas duas
formas de mobilidade a que milhares de professores
se candidatam todos os anos - mais de oito mil no
concurso para 2005-2006, que resultaram em quatro
mil mudanças de escola - representam uma "alteração
às regras normais do concurso" que não tem
justificação.
"Queremos promover a estabilidade das colocações e
que as regras sejam o mais universais possível.
Entendemos que os destacamentos por condições
específicas [por motivos de doença] justificam a
possibilidade de se abrirem excepções. Os restantes
destacamentos não", explica o secretário de Estado
da Educação, Valter Lemos.
Por isso, no próximo ano, os professores que queiram
tentar arranjar uma escola mais próxima de casa
terão de tentar a sorte "através do mecanismo normal
do concurso", ou seja, concorrem a uma vaga tal como
todos os outros candidatos.
Esta é uma das alterações que o ME quer introduzir
já no concurso para 2006-2007 e que deverá
iniciar-se em Fevereiro.
Também com o objectivo de promover uma maior
estabilidade - várias dezenas de milhares de
docentes são colocados todos os anos em
estabelecimentos diferentes -, a equipa ministerial
comunicou ontem a todos os sindicatos em que moldes
pretende que avancem as colocações plurianuais: por
três anos no caso do 3.º ciclo e secundário e por
quatro anos nos restantes níveis de ensino.
Movimentação limitada
A intenção da tutela já era conhecida, mas fica
agora mais claro que se tratará não só de colocações
obrigatórias - durante esse período o candidato não
pode concorrer para outro sítio -, como abrangem
todo o tipo de professores. Ou seja, a
plurianualidade da colocação diz respeito tanto a
docentes dos quadros de escola como aos de zona
pedagógica (afectos um estabelecimento de ensino da
sua região) e ainda aos contratados.
No caso dos docentes dos quadros de zona pedagógica
e dos contratados, a manutenção na escola em que são
colocados está, no entanto, dependente da
continuação das necessidades desse estabelecimento
de ensino.
A renovação automática até três anos da colocação
dos professores contratatados obedecerá a outros
critérios: terem horário completo e a concordância
da escola para a continuação.
"Não impedimos os professores de se movimentarem,
mas limitamos o número de vezes que podem fazê-lo",
explica Valter Lemos. "É impossível compatibilizar
as vagas existentes com os interesses de aproximação
à residência de cada candidato".
Outras das medidas previstas pela tutela prende-se
com a definição de regras para a abertura de vagas
nos quadros de zona pedagógica. "Quando um terço dos
horários num determinado grupo de docência e numa
área são preenchidos por professores contratados,
isso significa que as necessidades permanentes são
superiores às vagas efectivas." Nesses casos, a
tutela compromete-se a aumentar os lugares do
quadro.
Colocações cíclicas
até Outubro
Se as propostas da equipa ministerial se mantiverem,
haverá ainda outras novidades, nomeadamente no
preenchimento dos horários até 12 horas - deixam de
ser atribuídos em concurso nacional e a oferta passa
a ser feita pelas escolas. Também as colocações
cíclicas - realizadas todas as semanas a nível
central - passarão a efectuar-se apenas até Outubro.
A partir dessa altura, serão as escolas a fazer o
recrutamento para as necessidades que apareçam ao
longo do ano. A colocação de professores de educação
especial passará a ser feita através de concurso a
um novo grupo que vai ser criado especificamente
nesta área.
A tutela está disponível para acolher sugestões dos
sindicatos, mas avisa que "há princípios de que não
abdica, como o da estabilidade", conclui Valter
Lemos.