Resultados de 85% das escolas no ano lectivo
de 2004/2005. Total rondará os 9 milhões
'Furos'.
Cada aluno dos ensinos básico e
secundário teve no anterior ano lectivo três
horas de aulas por semana sem professor
No ano lectivo 2004/2005,
os professores do ensino pré-escolar, básico
e secundário faltaram a entre 7,5 e 9
milhões de horas de aula. Este número, a que
o DN teve acesso, corresponde ao total
apurado até ontem pelo GIASE (gabinete de
estatística com competências delega- das
pelo INE que funciona no Ministério da
Educação) e corresponde a cerca de 85% do
total das escolas nacionais do ensino básico
e secundário, abrangendo para já 103 159
professores e um total de 80,6 milhões de
aulas previstas. Números apurados na véspera
dos docentes fazerem greve nacional às
aulas.
O número de professores escrutinado até
ontem tinha faltado exactamente a 7 489 891
tempos lectivos (45 minutos nos 2.º e 3.º
ciclos e secundário, 60 minutos na educação
pré-escolar e 1.º ciclo). Ou seja 9,3% do
total de aulas previstas, sendo que a
percentagem de faltas é maior no 2.º ciclo e
menor no 3.º ciclo e secundário (ver
tabela).
Extrapolando esse valor para os 124 697
professores que tiveram turmas atribuídas no
ano lectivo em causa (num total de 96,6
milhões de aulas previstas), o número de
horas de aulas efectivamente não dadas
aproximar-se-á dos 8,9 milhões. Para já,
apenas foram examinados os registos
informáticos de 93% das escolas do
pré-escolar, 94% do 1.º ciclo, 80% do 2.º
ciclo e 78% do 3.º ciclo e secundário.
Como a maioria dos alunos tem os seus dias
de aulas compostos, em média, por seis
tempos lectivos (à excepção do ensino
básico, onde recebem aulas durante cinco
horas), estes número revelam que, em média,
cada aluno teve três "furos" por semana. E
que cada escola - também em média - teve de
reorganizar na sua gestão corrente 10% das
horas de aulas que lhe cabia ministrar.
80% usou férias. As faltas são
marcadas não por dias mas por tempos
lectivos, sendo que por cada quatro é
contabilizado um dia de falta. A maioria dos
professores tem de ministrar em média, antes
de atingir metade da carreira, quatro tempos
lectivos por dia (180 minutos). Quanto aos
mais velhos, esse número diminui para uma
média de três tempos lectivos (135 minutos
por dia). Daqui resulta uma média de 147
minutos diários.
Segundo os dados que o GIASE apurou até à
data, 80% dos professores socorreram-se da
possibilidade legal de utilizar faltas por
dias de férias, quer do próprio ano, quer do
ano seguinte. Já 50% justificou faltas por
doença, enquanto 15% o fez por razões que se
prendem com assistência à família. Em
paralelo, mais de 20% justificou as suas
faltas com assistência a menores, um regime
paralelo.
Quanto a os outros regimes disponíveis - e
são 67 - foram utilizados por 80% dos
professores com a assiduidade verificada até
agora. Registe-se que 6% do total de
professores nunca faltaram no ano lectivo
2004-2005 e que há largas dezenas de
milhares que faltaram muito menos do que 10%
às aulas que lhes cabia ministrar. Tudo
le-va a crer, portanto, que haja escolas em
que o problema seja mais grave.
reacção. Para o secretário-geral da
Federação Nacional de Professores, Paulo
Sucena, "os números em bruto significam
menos que os motivos que levaram os
professores a faltar". E, segundo o
responsável, "são dadas 150 milhões de aulas
por ano". Por isso, "7,5 a 9 milhões
representam apenas 5% das aulas, e o que
deve ser valorizado é a percentagem de 95%
de aulas dadas". Além disso, "algumas dessas
faltas aconteceram porque houve greve, por
casamento, parto, operações ou acções de
formação", diz.