Diário de Notícias - 21 Nov 05
Duas soluções
para prevenir e remediar
Consolidação de
créditos e seguros de protecção são duas soluções
financeiras para combater o endividamento excessivo
créditos acumuladosO
mercado financeiro oferece algumas soluções para
fazer face a uma possível entrada em situação de
incumprimento.
A consolidação de créditos é a aposta mais recente e
é disponibilizada aos portugueses apenas por duas
instituições a GE Money, subsidiária da
multinacional General Electric, e a Secundis Finance,
o banco recentemente criado e detido por Pedro
Líbano Monteiro.
É uma solução financeira que consiste em juntar
todos os créditos que o cliente possui num só
crédito hipotecário, estendendo o prazo dos vários
empréstimos e reduzindo a taxa de juro. O cliente
passa a pagar uma única prestação, em vez das várias
individuais que pagava, mas dando como garantia real
a sua habitação. Ou seja, se após a consolidação
entrar em incumprimento, o banco executa a hipoteca
e o consumidor pode perder a casa.
Apesar deste risco, poderá ser uma forma de aliviar
situações de dificuldade. Como referiu ao DN uma
fonte da Secundis Finance, o produto apresenta
condições diferentes consoante o cliente, mas é
certo que este ficará sempre a pagar menos do que o
somatório das anteriores prestações.
No caso do produto da GE Money, designado de Capital
Mais, o cliente paga apenas a avaliação que é feita
ao seu imóvel (entre 120 e 150 euros), antes de lhe
ser feita a consolidação. No entanto, esta só é
possível se a dívida não ultrapassar 80% do valor da
avaliação feita à casa.
Outra das soluções existentes no mercado para
prevenir o sobreendividamento são os seguros de
protecção de crédito. Quase todos os bancos e
sociedades financeiras os oferecem, mas são poucos
os clientes que os subscrevem, dado o seu carácter
facultativo e o acréscimo que resulta na prestação
do empréstimo.
Trata-se de um produto financeiro que não segura o
bem, mas quem o compra. Tem uma cobertura mais
abrangente que os seguros de vida e paga
temporariamente (de acordo com a escolha do cliente)
as prestações, em caso de acidente, doença ou
desemprego.
Em Portugal, este
seguro é disponibilizado por seguradoras
estrangeiras como a Cardif (grupo BNP Paribas), ESG,
GE e Allico. Quais os portugueses que apresentam um
maior risco de vir a entrar numa situação de
sobreendividamento?
O acumular de vários créditos, a chamada espiral do
endivi- damento, é a principal situação de risco. Se
a esta juntarmos um desemprego inesperado,
encontramos a maior parte dos casos de
sobreendividamento. Em muitas situações, as pessoas
não respeitaram a sua taxa de esforço, ou seja,
pagam encargos com créditos que ultrapassam, em
muito, 40% do seu rendimento mensal.
Apesar de não existirem tipos de crédito mais
arriscados do que outros, há que ter em atenção a
taxa de juro que a eles está associada. É o caso dos
créditos directos, ou crédito por telefone, e ainda
os cartões de crédito. É preciso não esquecer que a
maioria destes produtos têm implícitas taxas de juro
de 20% a 30%. Além destas formas de crédito, há
ainda as contas-ordenado, que, quando accionadas,
funcionam como um crédito. Nenhum destes produ- tos
é "nocivo" desde que usado com gradualismo e
moderação. As complicações surgem quando estes
créditos são accionados para "tapar" dívidas de
outros empréstimos. Há que saber dar a devida
utilização a estes créditos de curto e médio prazo e
não usá-los para financiar compras de forma
compulsiva.
Consolidação de
créditos Consolidar créditos, ou seja, juntar todos
num empréstimo hipotecário, pode ser uma solução.
Mas em caso de incumprimento o risco é grande.