Público - 22 Nov 05

Reforma do superior antes dos resultados da avaliação

Bárbara Wong

 

Organizações internacionais vão analisar universidades e politécnicos e fazer recomendações

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, quer introduzir novas reformas no ensino superior antes mesmo de conhecer os resultados da avaliação internacional que vai começar a ser feita às universidades e politécnicos portugueses.
Ontem, em Lisboa, na presença do primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro apresentou o modelo de avaliação internacional que será desenvolvido por entidades com "experiência reconhecida", como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
O sistema de ensino superior português vai ser submetido a três tipos de avaliação, que darão origem a recomendações com o objectivo de melhorar a qualidade do sistema. À OCDE caberá fazer uma avaliação global do ensino superior e das suas políticas, comparando-as com outros Estados-membros da organização.

Responder às exigências
do mundo moderno
A Rede Europeia de Certificação de Qualidade do Ensino Superior vai, por seu lado, pronunciar-se sobre as actuais práticas de avaliação e aferir a sua qualidade. Compete-lhe ainda analisar as actividades de algumas agências portuguesas - como o Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, presidido por Adriano Moreira - e as práticas de acreditação profissional. As instituições de ensino poderão ainda submeter-se a uma avaliação, em regime de voluntariado, pela Associação Europeia das Universidades.
Os resultados de qualquer uma das três avaliações só serão divulgados no final do próximo ano. Antes disso, o Governo quer avançar com um programa que visa responder às "exigências do mundo moderno", nomeadamento no âmbito do aumento das competências e qualificação dos portugueses, anunciou José Sócrates.
"Ao longo do próximo ano procederemos a reformas", confirmou Mariano Gago aos jornalistas no Centro Cultural de Belém. No que diz respeito à avaliação, a tutela tenciona rever a lei para tornar o processo obrigatório, de maneira a que todas as instituições possam ser avaliadas. O ministério tem ainda a intenção de rever o acesso ao ensino superior, para permitir o alargamento a novos públicos, nomeadamente nos cursos de especialização tecnológica.
A avaliação internacional tem como objectivo melhorar o ensino superior e transmitir aos alunos, famílias e mercado de trabalho uma "maior segurança e confiança", não só no diploma mas na instituição onde se estudou. Esta avaliação é um "acto de confiança na vitalidade do ensino superior português", porque "só se avalia aquilo em que se tem confiança", assegurou Mariano Gago.

 

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