Putin quer
controlar
investimentos
estrangeiros às
ONG
«É tanto mais
necessário se os
financiamentos
em causa tiverem
passado por
canais públicos
de outros
países», defende
presidente russo
O
Presidente russo afirmou
hoje ser indispensável o
controlo estatal de
financiamentos externos
às Organizações
Não-Governamentais (ONG)
locais, em nome da
"protecção da sociedade
civil", um dia depois da
polémica aprovação de
legislação que limita a
sua actividade.
Enquanto o novo "pacote"
legislativo era
criticado por activistas
dos direitos humanos em
Washington, Vladimir
Putin, invocando a
"transparência", frisava
na televisão pública
russa o imperativo do
Estado conhecer a
natureza de
financiamentos de
organizações
susceptíveis de actuar
no terreno político.
"É
tanto mais necessário se
os financiamentos em
causa tiverem passado
por canais públicos de
outros países e se as
organizações com
actividade em território
russo forem usadas como
instrumento da política
externa de terceiros",
explicou.
A
câmara baixa do
parlamento russo (Duma)
aprovou na quarta- feira
legislação que permitirá
às autoridades
investigar as fontes de
financiamento e as
despesas das ONG com
actividade política.
Mais
de 1.300 representantes
de ONG a funcionar na
Rússia protestaram
contra a medida,
considerando que visa
sobretudo os defensores
dos direitos humanos,
travando o
desenvolvimento da
sociedade civil.
As
autoridades russas
denunciam com
regularidade as
iniciativas políticas e
os financiamentos
externos recebidos por
ONG, como a "Memorial",
ou o "Comité das Mães de
Soldados", muito
críticas em relação à
guerra na pequena
república
norte-caucasiana da
Tchetchénia.
O
Presidente
norte-americano, George
W.Bush, também
manifestou preocupação
em relação a esta medida
durante a sua deslocação
a semana passada à
Coreia do Sul.
A
Duma é tanto mais
suspeita - na opinião
dos analistas - quanto
os deputados são vistos
como estando sob a
tutela indirecta do
Kremlin.
A
polémica legislação,
oficialmente proposta
por um grupo de
parlamentares, terá
saído na realidade do
Ministério da Justiça,
sob a alçada da
Presidência.
O
preconceito de Putin
contra as ONG surgiu com
a "Revolução da Rosa"
que levou Mikhail
Saakachvilli à
presidência da Geórgia
em Dezembro de 2003 e,
um ano depois, Viktor
Iuchtchenko à
presidência da Ucrânia,
alegadamente com o apoio
da fundação
norte-americana George
Soros, financiada por
Washington.
Ella
Pamfilova, responsável
pela Comissão
Presidencial para os
Direitos Humanos,
alertou Putin contra o
"endurecimento" do
tratamento dado às ONG e
avisou que, "na sua
maioria, ou ficarão
paralisadas, ou até
poderão desaparecer".