Portugal Diário - 28 Nov 05
Governo
celebra
contratos de
autonomia com
escolas
«Autonomia é um enorme incentivo para
as escolas e trata-se de um reconhecimento público da
qualidade do ensino prestado», garante ministra
O Ministério da Educação (ME) vai
celebrar, já no próximo ano lectivo,
contratos de autonomia com cerca de
vinte escolas, para as quais serão
transferidas competências
actualmente centralizadas na tutela,
anunciou hoje a ministra Maria de
Lurdes Rodrigues.
Segundo a responsável, o processo
de selecção dos estabelecimentos de
ensino que irão beneficiar dos
contratos de autonomia termina no
final deste ano e será feito com
base numa avaliação, estando já a
ser contactadas as escolas
identificadas pelo ME como casos de
sucesso na promoção de boas
práticas.
«A autonomia é um enorme
incentivo para as escolas e trata-se
de um reconhecimento público da
qualidade do ensino prestado, uma
vez que está associada à avaliação»,
afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, à
margem de uma conferência na
Fundação Calouste Gulbenkian, em
Lisboa.
A ministra recusou-se, no
entanto, a adiantar em que moldes
irá decorrer a avaliação das escolas
para a contratualização da
autonomia, afirmando apenas que os
estabelecimentos de ensino podem
candidatar-se voluntariamente ao
processo.
Apesar de a lei de autonomia e
gestão das escolas estar em vigor
desde 1998, apenas um
estabelecimento de ensino em todo o
país beneficia deste regime, através
de um contrato celebrado com o
ministério que lhe permite, por
exemplo, recrutar professores
directamente.
«É preciso transferir
gradualmente competências que estão
hoje centralizadas. Torna-se urgente
celebrar novos contratos, já no
próximo ano», considerou Maria de
Lurdes Rodrigues.
Para a ministra, a gestão
centralizada é muitas vezes
ineficiente e geradora de
desperdícios, nomeadamente em
matérias como a substituição de
professores que ficam de baixa
médica, a aquisição e distribuição
de leite escolar ou a manutenção dos
edifícios, que podem ser realizadas
mais eficazmente pelos próprios
estabelecimentos de ensino.
É preciso, no entanto, definir
que competências devem ser
descentralizadas, uma vez que a
autonomia pode acarretar riscos, por
exemplo a nível da contratação de
docentes, em que «há o receio de
prevalecerem critérios de
clientelismo sobre critérios
universais ligados à graduação e ao
mérito dos professores», adiantou.
O currículo das disciplinas é
outra matéria que apresenta «grandes
dificuldades» a nível da autonomia e
relativamente à qual «há enormes
vantagens em preservar algum
centralismo, nomeadamente para
garantir a universalidade de
competências básicas e para poder
haver uma comparação entre a
qualidade do ensino prestado» nas
escolas, referiu a responsável.
Apesar disso, Maria de Lurdes
Rodrigues entende que a autonomia
das escolas permite, globalmente,
uma racionalização de recursos e
ganhos a nível da qualidade,
devendo, por isso, ser generalizada
nos próximos anos.
«O centralismo tem custos e a
autonomia tem riscos, mas apesar
desses riscos o caminho a seguir
terá de ser no sentido da
descentralização. Para isso é
preciso saber o que deve ser
descentralizado, que grau deve ter a
autonomia e redefinir o papel da
administração [central]», explicou.
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