Portugal Diário - 15
Nov 06
Aborto: votação foi renhida
Sete juízes votaram a favor e seis contra. Conheça
as razões
Os juízes do Tribunal
Constitucional (TC) aprovaram esta quarta-feira,
pela diferença mínima de um voto, a pergunta para o
referendo sobre o aborto e, tal como aconteceu em
1998, voltaram a dividir-se (7-6).
O anúncio foi feito pela juíza
relatora do acórdão, Maria Fernanda Palma, que
considerou que a pergunta cumpre a Constituição
porque «satisfaz os requisitos de objectividade,
clareza e precisão», e «recai sobre uma só matéria»,
de acordo com a Lei do Referendo.
Por outro lado, o resultado do
referendo, sendo «sim», não implica, segundo a
decisão do TC, uma inconstitucionalidade.
O acórdão teve o voto favorável
de Bravo Serra, Gil Galvão, Vítor Gomes , Maria
Helena Pinto, Maria João Antunes e Artur Maurício,
presidente do Tribunal Constitucional.
Seis dos sete juízes votaram
vencidos no acórdão que deu «luz verde» ao referendo
- Rui Moura Ramos, Maria dos Prazeres Beleza, Paulo
Mota Pinto, Benja mim Rodrigues, Mário Torres e
Pamplona Oliveira.
As reservas dos juízes que
votaram contra respeitam a dúvidas quanto ao
universo de eleitores (por defenderem que os
emigrantes votassem) e quanto à clareza da pergunta.
«Concorda com a despenalização da
interrupção voluntária da gravidez, se realizada,
por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em
estabelecimento de saúde legalmente autorizado?» é a
pergunta aprovada pelo TC.
A proposta de referendo, aprovada
em Outubro no Parlamento, teve os vot os do PS, PSD
e Bloco de Esquerda, a abstenção do CDS-PP e votos
contra do PCP e «Os Verdes».
O acórdão será enviado ao
Presidente da República, Cavaco Silva, na
sexta-feira e é publicado em Diário da República na
segunda-feira, data a partir da qual o Chefe de
Estado tem 20 dias para decidir se convoca, ou não,
a consulta popular.
O referendo terá de ser agendado para entre 40 e
180 dias depois, deven do acontecer no primeiro
trimestre de 2007.