Público - 17
Nov 06
Oceanos: um mar de oportunidades
Duarte Freitas
No período difícil que Portugal
atravessa, o mar pode ser uma janela de
oportunidades que a todos cabe saber aproveitar e
potenciarDurante muito tempo tivemos a errada
percepção de que os recursos haliêuticos eram uma
fonte inesgotável que resistiria a todas as pressões
impostas pela actividade humana.
Pura ilusão, erro de cálculo que hoje tentamos
inverter a qualquer preço.
É inequívoco que a preservação e defesa dos recursos
marinhos são condições indispensáveis para a
prosperidade e desenvolvimento da Europa, sendo cada
vez mais necessário gerir e preservar de forma
consciente os recursos marinhos de que dispomos.
Mais do que uma moda, a preservação do mar assume-se
hoje como condição sine qua non para a prosperidade
da economia europeia.
A integração das diferentes políticas sectoriais
afectas às actividades marítimas assume-se à escala
comunitária como um dos grandes desafios políticos
da Comissão liderada por Durão Barroso.
O Livro Verde para a Política Marítima Europeia,
lançado em 7 de Junho último, marca o início de um
extenso processo de consulta que decorrerá até à
presidência portuguesa da UE.
Neste aproximar da Europa aos oceanos, Portugal
deverá assumir um papel de liderança em respeito
pelo seu passado e, sobretudo, tendo em vista o seu
futuro.
A União Europeia é hoje em dia líder mundial da
economia marítima. O transporte marítimo, a
construção naval, a extracção off-shore de gás e
petróleo, o turismo costeiro e os seguros marítimos
são representados à escala europeia por empresas de
ponta que têm sido pioneiras na inovação e
desenvolvimento tecnológico.
É necessário garantir a continuidade deste processo
mas também romper rumo ao futuro. A aposta
incondicional na aquacultura, nas energias
renováveis, nas telecomunicações submarinas e
biotecnologias associadas aos recursos haliêuticos
são vectores que é necessário potenciar e
desenvolver.
Se é verdade que a iniciativa a este nível é uma
responsabilidade do sector privado, não é menos
verdade que cabe aos Estados-membros a criação de
condições que permitam garantir a competitividade
das empresas neste domínios.
Defendo que a investigação e o desenvolvimento das
novas tecnologias são fulcrais em todo este
processo, devendo a União Europeia criar condições
para que os Estados-membros possam aproveitar a
qualidade da sua investigação e o acervo de
conhecimentos produzido nas universidades
vocacionadas para o estudo das ciências marinhas.
Neste momento discute-se o próximo quadro
comunitário de apoio à investigação e, como tal, é
fundamental que o desenvolvimento oceanológico e as
ciências marinhas tenham um espaço próprio.
O sector das pescas, pela sua actual debilidade, e a
preservação dos oceanos, como prioridade estratégica
da UE, deverão assumir um papel de destaque no
próximo quadro comunitário. Foi nesse sentido que
propus e aprovámos no Parlamento Europeu alterações
à proposta inicial da Comissão, garantindo pela
primeira vez a inclusão das pescas e dos oceanos nos
objectivos principais deste programa que financiará
a investigação europeia até 2013.
Num período difícil como o que Portugal atravessa, o
mar pode ser uma janela de oportunidades que a todos
nos cabe saber aproveitar e potenciar em prol do
desenvolvimento do nosso país. Deputado europeu
eleito pelo PSD