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Família e Escola - Comunicado da APFN - Associação Portuguesa
de Famílias Numerosas
A APFN saúda a iniciativa do debate sobre "Família e Escola", promovido pela
Assembleia da República.
Sobre o assunto, a APFN gostaria de recordar que está por se cumprir o parágrafo
2 c) do artigo 67 da Constituição (a par com outros parágrafos da mesmo artigo)
que determina que compete ao Estado "Cooperar com os pais na educação dos
filhos", para além de inúmeros artigos da "Declaração Universal dos Direitos da
Criança".
A educação das crianças é um direito e dever dos SEUS pais.
Trata-se, sem dúvida, de um direito por adquirir! Pelo contrário, nos últimos
anos temos vindo a assistir a uma tendência de pequenos grupos tentarem impor um
modelo de educação contrária à vontade de grande parte das famílias.
Nenhuma pessoa, por mais iluminada que julgue ser, tem o direito de falar em
nome dos pais na escolha do modelo de educação para os seus filhos.
A APFN considera que o cheque-ensino é a solução que melhores garantias dá no
que diz respeito à liberdade de escolha que assiste aos pais.
O cheque-ensino consiste em dar aos pais um cheque no valor que custa
actualmente o ensino numa escola estatal. As escolas estatais deixariam,
assim, de ser "gratuitas", passando o seu financiamento a ser assegurado através
das propinas pagas pelos alunos, como acontece com as escolas particulares.
O argumento de que "o cheque-ensino até é uma boa ideia, mas não há dinheiro" é
totalmente falso. A implementação do cheque-ensino não implica o acréscimo
de um cêntimo ao orçamento do Estado. Trata-se, apenas, de uma alteração ao
circuito de financiamento das escolas.
Pelo contrário, fará reduzir o orçamento reservado à Educação, uma vez que
tornará totalmente desnecessárias uma enorme quantidade de estruturas existentes
no Ministério, que pouco mais têm servido do que para alimentar a sua
macrocefalia. A APFN defende que a sua implementação seja feita de forma
faseada, a fim de facilitar a adaptação por parte dos diversos agentes
envolvidos. Este faseamento deverá ser generalizado (pré-escolar, primário,
secundário e superior), começando-se com cheques no valor de 25%. Aumentando 25%
por ano, ter-se-á a sua generalização no final da legislatura.
Como é sabido, este sistema tem vindo a ser adoptado, com sucesso, noutros
países.
Para a APFN, esta medida não se destina a alimentar uma estéril luta entre
escolas estatais e particulares. Conforme é bem visível através dos
resultados escolares publicitados pelo Ministério d Educação nos dois últimos
anos (anteriormente, apostava-se no obscurantismo), há excelentes escolas
estatais e privadas, como péssimas escolas em ambos os sectores.
O que está, portanto, em causa não é a discussão entre escola estatal e privada,
mas sim o inalienável direito de livre escolha dos pais. Os pais não podem ser
obrigados a colocar os seus filhos na escola estatal mais perto da sua área de
residência e, como tal, a eventualmente ter que suportar um modelo de educação a
que se opõem, qualquer que ele seja!
Por outro lado, o país tem demasiados problemas para que os deputados, volta e
meia, tenham que gastar horas a discutir modelos de educação, assunto que diz
respeito aos pais de cada criança e a cada escola. O Estado terá, sim, que
fiscalizar o cumprimento da lei por parte das escolas, combater as fraudes e
publicitar os resultados obtidos por cada escola, sob diferentes prismas, para
que os pais as possam avaliar de acordo com o critério soberano e único de cada
família.
A APFN aproveita a oportunidade para manifestar a sua preocupação pelo anunciado
aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos, sobretudo por, naturalmente,
se tratar "DESTA" escolaridade. Com efeito, é bem visível, tanto nacional, como
internacionalmente, os péssimos resultados que têm vindo a ser obtidos com o
nosso modelo de ensino, pelo que a última coisa que Portugal necessita é que
"isto" seja obrigatório por mais 3 anos! Pelo contrário, a APFN recomenda
fortemente que seja incentivado o ensino profissionalizante, logo a partir do 5º
ano, a fim de facilitar a integração no mercado de trabalho de todos os jovens
que não sentem vocação nem atracção para estudos mais exigentes sob o ponto de
vista teórico, razão pela qual simplesmente o abandonam. Portugal tem que
acabar, de vez, com a "ideia peregrina" de que todos têm que ser doutores ou
engenheiros, ainda por cima quando é bem mais fácil um canalizador, carpinteiro
ou electricista arranjar trabalho (e bem pago) do que um doutorado em História
ou Matemática.
Em conclusão, a APFN mais uma vez protesta contra o modelo educativo fortemente
centralizado e desapropriado existente em Portugal, característico de estados
totalizantes, e renova o seu apelo para que seja adoptado o cheque-ensino e
estimulada a via profissionalizante.
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
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