Diário de Notícias - 09 Out 06

Desemprego e divórcio explicam pagamentos em falta

 

O desemprego e o divórcio são os principais factores que levam ao não pagamento da prestação da casa, a última a falhar. Mas são também causas de sobreendividamento uma doença, uma morte, o nascimento de um filho e a subida dos juros, o que este ano já aconteceu cinco vezes. Por isso, há cada vez mais famílias sobreendividadas e de elevados estratos sociais.

"Há mais pessoas sobreendividadas e as situações são mais complexas. Há um maior número de créditos por pessoa e créditos pessoais mais elevados", diz Natália Nunes, responsável do Gabinete de Apoio ao Sobreendividamento, da Deco, criado há seis anos.

São os electrodomésticos, as viagens, as mobílias, o carro, os cartões de crédito e uma lista interminável de bens de consumo. Tudo é motivo para pedir um empréstimo, o que, de resto, é amplamente promovido pelas instituições bancárias e financeiras. Aliás, os bancos tendem a desvalorizar os números do crédito malparado.

Há situações em que os juristas perguntam: "Como é que emprestaram este dinheiro?" Por exemplo, uma reformada ficou a pagar 500 euros mensais, o valor da reforma, pela compra de um Audi. Casos como este não são aceites pela associação.

Os pedidos de apoio na Deco passaram de 152 em 2000 para 737 em 2005, quase cinco vezes mais. E até 30 de Agosto deste ano recebeu mais 12% de solicitações do que em igual período de 2005, 527 contra 470.

Natália Nunes diz que há cada vez mais agregados com rendimentos na ordem dos quatro mil/cinco mil euros mensais a solicitar ajuda. E o grupo etário com mais problemas passou do intervalo de 40/5o anos para os 30/50.

Mas os consumidores que recorrem à Deco estão mais bem informados e em 80% dos casos conseguiram negociar o empréstimo.

As casas que chegam aos leilões imobiliários pertencem às classes de baixos rendimentos. Daí que "as dívidas vencidas surjam com mais frequência nas habitações mais baratas, adquiridas por famílias de menores recursos, mais sensíveis a conjunturas económicas desfavoráveis", explica Mariana Pires, da Caixa Geral de Depósitos. Por isso, acrescenta Susana Andrade, do grupo Santander, "a maioria das fracções em leilão são dos segmentos médio/baixo e baixo, principalmente nos concelhos limítrofes de Lisboa e Porto". CN

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