CONCLUSÕES O primeiro conferencista foi Alban d’Entremont Este especialista em Geografia Demográfica chamou a atenção para os problemas que a Europa enfrenta, em particular a Europa do Sul e, com maior gravidade, Portugal: 1. Decréscimo da natalidade, (estando Portugal abaixo da média da Europa e esta abaixo da média mundial) e decréscimo da dimensão das famílias; 2. Maior liberdade para não ter filhos do que o inverso; 3. Aumento do número de pessoas com mais de 65 anos, estando Portugal acima da média Europeia. O índice de envelhecimento, o racio entre população com mais de 65 anos e a populacação abaixo dos 14 anos, que há 20 anos, em 1990, era de 65.7, em 2010 era de 118.9, tal como tem crescido o índice de dependencia de idosos. 4. População dependente (<15 e >65) em Portugal é de 33%, ou seja, um dependente por cada 2 criadores de riqueza.
Várias consequências resultam desta situação: 1. População activa mais velha e com menor riqueza; 2. Aumento das despesas de saúde; 3. Redução do sector da educação; 4. Perda das relações de apoio à família;
Várias medidas alternativas têm sido experimentadas: 1. Criação do Estado Providência, exigindo grandes aumentos de produtividade e uma grande pressão fiscal sobre a população activa; 2. Política de Imigração mais aberta, gerando problemas sérios de integração; 3. Políticas familiares de estímulo à natalidade, como a política do terceiro filho, implementada em França for François Mitterrand. Estas medidas têm tido mais sucesso.
À intervenção de Alban d’Entremont, seguiu-se um painel, com a Engª Isabel Vaz e o Dr. Paulo Caldeira. O Dr. Paulo Caldeira fez uma descrição das mudanças nos padrões de consumo, referindo o aparecimento do smart downtrading shopper, caracterizado por um padrão de consumo em menor quantidade, aumento da relevância das marcas brancas e das categorias básicas. Este padrão está associado com o ajustamento à actual crise económica, no curto prazo, mas também aos consumidores mais velhos e mais maduros. Por outro lado, a Engª Isabel Vaz salientou a resiliência do sector da saúde, com o abrupto aumento da despesa percentual em saúde, não só devido à demografia, mas também por questões de avanço tecnológico, tornando o sector insustentável e pondo em causa a solidariedade e coesão social. A análise que nos apresentou permite concluir que: i) o sistema de saúde tem que ser solidário e numa lógica mutualista; ii) deverá iniciar-se rapidamente um debate profundo sobre o que deve ser garantido a nível universal, tendo em conta uma análise custo-benefício do sector da saúde e o critério de equidade de acesso. Estas conclusões apontam para a necessidade urgente de descobrir soluções novas. Em súmula, podemos concluir que, em primeiro lugar, é fundamental criar a consciencialização de que os desiquilíbrios demográficos são um problema grave. Sem esta consciencialização, não haverá políticas credíveis. Em segundo lugar, traçar objectivos, a nível governamental. Em terceiro lugar, definidos os objectivos, poderão desenhar-se políticas de apoio à família e à parentalidade e de aumento da natalidade. A APFN e o jornal OJE podem contribuir para este debate, que tem que começar pela publicitação dos problemas e proposta de soluções. Apresentado por Doutora Rita Campos e Cunha |
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