DATA: 31 de Maio de 2012

LOCAL: Fundação Gulbenkian - Auditório 3

HORA: 9h00 h às 13h00

 

CONCLUSÕES

O primeiro conferencista foi  Alban d’Entremont

Este especialista em Geografia Demográfica chamou a atenção para os problemas que a Europa enfrenta, em particular a Europa do Sul e, com maior gravidade, Portugal:

1.     Decréscimo da natalidade, (estando Portugal abaixo da média da Europa e esta abaixo da média mundial) e decréscimo da dimensão das famílias;

2.     Maior liberdade para não ter filhos do que o inverso;

3.     Aumento do número de pessoas com mais de 65 anos, estando Portugal acima da média Europeia. O índice de envelhecimento, o racio entre população com mais de 65 anos e a populacação abaixo dos 14 anos, que há 20 anos, em 1990, era de 65.7, em 2010 era de 118.9, tal como tem crescido o índice de dependencia de idosos.

4.     População dependente (<15 e >65) em Portugal é de 33%, ou seja, um dependente por cada 2 criadores de riqueza.

 

Várias consequências resultam desta situação:

1.     População activa mais velha e com menor riqueza;

2.     Aumento das despesas de saúde;

3.     Redução do sector da educação;

4.     Perda das relações de apoio à família;

 

Várias medidas alternativas têm sido experimentadas:

1.     Criação do Estado Providência, exigindo grandes aumentos de produtividade e uma grande pressão fiscal sobre a população activa;

2.     Política de Imigração mais aberta, gerando problemas sérios de integração;

3.     Políticas familiares de estímulo à natalidade, como a política do terceiro filho, implementada em França for François Mitterrand. Estas medidas têm tido mais sucesso.

 

À intervenção de Alban d’Entremont, seguiu-se um painel, com a Engª Isabel Vaz e o Dr. Paulo Caldeira.

O Dr. Paulo Caldeira fez uma descrição das mudanças nos padrões de consumo, referindo o aparecimento do smart downtrading shopper, caracterizado por um padrão de consumo em menor quantidade, aumento da relevância das marcas brancas e das categorias básicas. Este padrão está associado com o ajustamento à actual crise económica, no curto prazo, mas também aos consumidores mais velhos e mais maduros.

Por outro lado, a Engª Isabel Vaz salientou a resiliência do sector da saúde, com o abrupto aumento da despesa percentual em saúde, não só devido à demografia, mas também por questões de avanço tecnológico, tornando o sector insustentável e pondo em causa a solidariedade e coesão social. A análise que nos apresentou permite concluir que: i) o sistema de saúde tem que ser solidário e numa lógica mutualista; ii) deverá iniciar-se rapidamente um debate profundo sobre o que deve ser garantido a nível universal, tendo em conta uma análise custo-benefício do sector da saúde e o critério de equidade de acesso. Estas conclusões apontam para a necessidade urgente de descobrir soluções novas.

Em súmula, podemos concluir que, em primeiro lugar, é fundamental criar a consciencialização de que os desiquilíbrios demográficos são um problema grave. Sem esta consciencialização, não haverá políticas credíveis. Em segundo lugar, traçar objectivos, a nível governamental. Em terceiro lugar, definidos os objectivos, poderão desenhar-se políticas de apoio à família e à parentalidade e de aumento da natalidade.

A APFN e o jornal OJE podem contribuir para este debate, que tem que começar pela publicitação dos problemas e proposta de soluções.

Apresentado por Doutora Rita Campos e Cunha