OJE, "A família e a demografia. No dia da mãe.", João Ribeiro da Costa publicado a 11/05/2011

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A família e a demografia. No dia da mãe.
João Ribeiro da Costa *

Em Maio celebra-se o Dia da Mãe; no passado dia 1 entre nós, dia 8 no Brasil e nos Estados Unidos. Esta celebração deveria sugerir que, em momento de grandes decisões sociopolíticas, não nos esqueçamos daquele que, muito provavelmente, é o maior problema que a sociedade ocidental enfrenta na actualidade: a demografia.

Lembrando o que Drucker escrevia em 1997 na HBR : "Nos assuntos envolvendo a raça humana é escusado tentar prever o futuro. Mas é possível - e frutuoso - identificar grandes eventos que já tenham acontecido e que venham a ter efeitos previsíveis nas próximas décadas. É possível identificar e preparar para o futuro que já começou a acontecer. O factor dominante para as empresas nas próximas décadas não vai ser económico ou tecnológico. Vai ser demográfico. O factor-chave para o desenvolvimento económico não vai ser a sobrepopulação no mundo, vai ser a subpopulação nos países desenvolvidos - Japão e as nações da Europa e América do Norte. O mundo desenvolvido entrou num processo de suicídio colectivo. Os seus cidadãos não estão a ter o número de filhos necessários..."

O resto do artigo é leitura obrigatória para quem se preocupa com o futuro, contendo nomeadamente referências explícitas ao caso português.

Curiosamente, 14 anos depois, o "Economist" na edição desta semana publica um artigo com o título "The most surprising demographic crisis", em que conclui que a China enfrenta neste momento um duplo problema, resultante da política férrea de controlo natalício imposta: taxa de nascimentos demasiado baixa, 0,57%, metade da verificada na década anterior, e grande desequilíbrio de género: 118 rapazes por cada 100 raparigas.

Jared Diamond tem dedicado a sua vida à pesquisa da evolução e colapso das sociedades. No seu livro "Collapse, how societies choose to fail or survive", depois de relatar rigorosamente o colapso de oito sociedades do passado, da ilha de Páscoa aos Maias, ele questiona-se "how did so many societies make such bad mistakes?". Depois de procurar factores comuns aos vários casos, identificou quatro grandes categorias:

i) a sociedade é incapaz de antecipar o problema antes de ele acontecer;

ii) quando o problema começa a acontecer, a sociedade não o consegue percepcionar;

iii) tendo identificado o problema, a sociedade não chega sequer a tentar resolvê-lo;

iv) tendo identificado o problema, a sociedade tenta resolvê-lo mas falha.

Claramente, neste caso concreto, as duas primeiras categorias não se aplicam, quando um dos pensadores mais influentes e respeitados do século xx escreve o que Drucker escreveu há 14 anos. Desejo verdadeiramente que estejamos na categoria cinco, das sociedades que tentaram e conseguiram resolver. Infelizmente, neste momento, constato que estamos na terceira categoria.

Termino saudando todas as mães que estão neste preciso momento à espera do seu novo filho! Bem hajam!

*CEO, echiron

notícia retirada de: http://www.apfn.com.pt/news_detalhe.php?id=576