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Público - 14 Abr 04
"Tem Um Idoso Lá em Casa? Então o Subsídio É Maior"
Por A.S.
Quanto mais filhos tiverem as mulheres, mais cedo podem reformar-se.
A medida já estava prevista antes deste plano do Governo para a
família. Mas o compromisso de regulamentá-la até 2006 foi reforçado,
explica Margarida Neto.
P. - Como vão funcionar os incentivos às famílias que mantiverem
os idosos em casa?
R. - Por exemplo, através das prestações sociais, através da
diferenciação positiva - o que significa, por exemplo, que a
Segurança Social pode, através do subsídio de desemprego, dizer
assim: "Tem um idoso lá em casa? Então o subsídio é maior."
P. - Não seria mais fácil apoiar directamente as famílias?
R. - Na teoria, seria sempre melhor que as famílias pudessem
escolher as suas respostas e ser financiadas. Mas isto implica ter
um sistema que permite ver o que é que as famílias fazem com o
dinheiro. Implica uma gestão completamente diferente e, segundo me
dizem, muito mais técnicos de supervisão, de ajuda... Um bocadinho
como na educação: se as famílias fossem financiadas directamente,
poderiam escolher livremente a escola que querem para os filhos,
pública ou privada. Há muita gente a defender o cheque-ensino.
P. - Que outras medidas destaca?
R. - O bilhete de família para os museus ou a bonificação das
pensões das mulheres em função do números de filhos...
P. - Isso significa que...
R. - ... que quanto mais filhos tiverem as mulheres, mais cedo
podem reformar-se. Esta medida está na lei de bases [da Segurança
Social], mas não está regulamentada. O compromisso é que até 2006 se
regulamente. Por que é que isto é só para mulheres? Porque não
podemos ter dois discursos. As mulheres continuam a ter mais
trabalho, a tomar mais conta dos filhos, a repartição de tarefas
continua a não estar feita, por isso não íamos bonificar os homens.
P. - Outra das suas prioridades são os Centros de Apoio à Vida. O
que é que está a ser feito?
R. - Os Centros de Apoio à Vida, que já tinham sido anunciados
pelo ministro da Segurança Social e do Trabalho, Bagão Félix, e que
visam apoiar grávidas e mães recentes em situação de grande
vulnerabilidade, estão regulamentados, a portaria deverá sair em
"Diário da República" brevemente. Mas o plano também prevê que haja
famílias de acolhimento - que é uma coisa muito mais económica dos
que os Centros de Apoio à Vida, porque não implicam estruturas de
raiz. Uma adolescente grávida em dificuldade, que seja expulsa de
casa, ou uma mulher que não tenha onde dormir - e que a primeira
coisa que pensa em ir fazer é um aborto - podem ser acolhidas nestas
famílias. Isto, claro, sempre com a supervisão da Segurança Social e
dos Centros de Apoio à Vida. Já há bancos de famílias de acolhimento
de crianças ou deficientes. Agora é alargar isto.
Ver notícia relacionada:
Correio da Manhã, "Trabalho
- novas regras no subsídio de desemprego"
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