
Realizou-se no passado dia 2 de
Novembro, em Madrid, o I Congresso Europeu de Famílias Numerosas,
coincidindo com o III Congresso Espanhol de Famílias Numerosas, com
a participação de várias associações de famílias numerosas
europeias, entre as quais a APFN.
Nesse Congresso, foi formada a Federação Europeia de Famílias
Numerosas, a que a Direcção da APFN aderiu como sócia fundadora.
As conclusões deste Congresso, no que
diz respeito a Portugal, foram:
1 - A protecção social, económica e jurídica da família em Portugal,
que é devida pelo artigo 67 da Constituição da República Portuguesa,
deve ser um objectivo prioritário das políticas públicas. As dezenas
de anos de esquecimento e desatenção por este objectivo, fizeram das
famílias com filhos, especialmente das numerosas, um grupo
descriminado penalizado da sociedade, e converteu-se na causa
principal de que os cidadãos portugueses não possam ter, com
liberdade e em igualdade de oportunidades, os filhos que desejam
ter. Esta situação gera cenários de incerteza e desequilíbrios para
o futuro bem-estar do nosso país, que não podem ser ignorados por
mais tempo.
2 - Apesar de que, ultimamente, aumentou a sensibilidade às
necessidades das famílias com filhos por parte de alguns
responsáveis políticos, reflectida nas suas declarações, promessas
eleitorais e algumas medidas sectoriais, não existe ainda uma
decidida prioridade orçamental para que as famílias recebam, em
termos de ajudas financeiras e de serviços, o que é um dever de
justiça social. Esta situação faz de Portugal um dos últimos países
da União Europeia em prestações a famílias com filhos (cerca de sete
vezes inferior à média europeia). É urgente uma alteração
radical de comportamento do governo e municípios para dotar de
conteúdo as prometidas medidas de protecção à Família e torná-las
concretas e efectivas. As boas intenções não são suficientes:
exigimos medidas concretas.
3 - A recente tomada de medidas de apoio à família por parte de
alguns municípios (Sintra, Coimbra, Famalicão e Santarém) deve ser
generalizada a todo o país, de modo a permitir que todas as famílias
portuguesas delas possam beneficiar. É necessário unificar e
coordenar os esforços e desejos dos agentes sociais num Pacto do
Estado pela Família, através do qual as forças políticas, sindicais,
empresariais e associações de família acordem numas prestações
mínimas, comuns e generosas, de que possam beneficiar todas as
famílias portuguesas com filhos, independentemente do local onde
residam.
4 - As famílias portuguesas com filhos encontram-se em inferioridade
de condições relativamente às famílias europeias, que gozam de
maiores oportunidades graças às prestações de que beneficiam nos
seus países. É necessário e urgente equiparar de vez a protecção das
famílias portuguesas com as recebidas pelas famílias europeias, e
conseguir-se a
convergência social dos países que formam a União Europeia. Este
congresso anuncia a criação e entrada em actividade da Federação
Europeia de Famílias Numerosas, para que associações de toda a
Europa actuem conjuntamente junto das instituições europeias, na
defesa dos direitos e legítimos interesses das famílias com filhos.
5 - Em particular, constata-se e denuncia-se a grave injustiça da
prestação por filho a cargo em Portugal: tanto o valor da prestação
familiar é ridículo, para qualquer nível de rendimentos da família,
como é praticamente ignorado no cálculo do IRS, em franco contraste
com o justo subsídio recebido pelas "famílias de acolhimento" de
cerca de 250
EUR e com o subsídio de 100 EUR recebido pela esmagadora maioria das
famílias europeias, independentemente do seu rendimento.
6 - Constatamos a discriminação laboral das famílias numerosas,
especialmente aguda nos casos de mães com filhos. Pretende-se uma
legislação mais activa e dura para as empresas que descriminam em
função da maternidade e impulsionar o acesso às novas tecnologias,
que permitam trabalho flexível a partir da residência. Por outro
lado, não está solucionado, em Portugal, a conciliação efectiva
entre vida familiar e laboral. É necessário uma revisão profunda dos
horários escolares e laborais em Portugal, para que os pais e mães
de família possam dispor de tempo efectivo um para o outro e para
educar os seus filhos. Não basta procurar-se melhorar a "qualidade"
do tempo em família. Não há
"qualidade" sem "quantidade"!
7 - Por último, este I Congresso Europeu de Famílias Numerosas quer
tornar público o seu reconhecimento a todas as famílias numerosas
que nos últimos anos têm contribuído decisivamente para a
dinamização deste movimento associativo, com verdadeiro sacrifício
dos seus tempos livres e sentido da sua consciência social e
transmitir o agradecimento de toda a sociedade aos pais, mães e
filhos de famílias numerosas, portuguesas e europeias, que são os
protagonistas de uma Europa mais generosa e solidária, mais aberta e
esperançada, mais humana e mais jovem.
APFN - Associação Portuguesa de Famílias
Numerosas
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