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Cultura das Famílias

Não, não se trata da "cultura da família",
da defesa dos valores e do ideário familiar. Não, que esse tema não seja
particularmente importante.
No entanto, terá já sido abordado por outros e virá
ainda a ser objecto futuro da atenção de muitos mais.
Hoje, muito prosaicamente, gostaríamos apenas de abordar o
direito que as famílias têm, ou melhor, deveriam ter, no acesso à
"cultura", aos bens, às acções e actividades de natureza cultural.
Um indivíduo solteiro, homem ou mulher, pode, com alguma
facilidade, ter acesso à "cultura".
Embora muitas actividades não sejam baratas, um indivíduo
solteiro, da classe média, poderá concerteza pagar um bilhete de teatro, ou de
cinema, ou uma entrada num museu.
Também não existem dificuldades de maior para que um
casal sem filhos provavelmente
ambos trabalham... ou progenitores
de um filho único, frequentem periodicamente actividades culturais.
A situação, contudo, muda de figura no caso de famílias
numerosas, com três ou mais filhos, já não sendo fácil, convenhamos,
para as famílias com dois filhos.
Imaginemos uma deslocação a um museu de uma famílias
com seis filhos, entre os 19 e os 12 anos de idade; provavelmente ficará na
imaginação e não se realizará pois os custos envolvidos são significativos.
O preço de uma entrada num museu não será per si muito cara, mas multiplicada
por oito torna-se proibitiva para esta família numerosa.
Admite-se, no entanto, existirem duas situações
diferentes; as actividades que envolvem um número finito de lugares, por
exemplo um teatro com os seus lugares marcados, e as restantes actividades onde
o número de acessos não está limitado,
por exemplo o Museu dos Coches. Num museu, ou no Jardim Zoológico, poderia ser
facilitada a entrada às famílias numerosas, sem dificuldades de maior.
Já não será o mesmo num teatro.
E serão assim tantas as famílias numerosas? Infelizmente
para a demografia portuguesa, nem por isso. Segundo o "Inquérito à
Fecundidade e Família" do INE, de 1997, para as mulheres com mais de 15
anos obtiveram-se os dados seguintes:
0 filhos
40%
1 filho
22.1%
2 filhos
25.8%
3 filhos
07.6%
4 filhos
02.3%
5 e + filhos
02.1%
Ou seja, as famílias com três ou mais filhos
representam apenas cerca de 10% das famílias portuguesas.
Considera-se que deve ser reconhecido às famílias,
especialmente às famílias numerosas, o direito de acesso às actividades
culturais, não devendo este direito ser restringido por limitações
financeiras. E nestas circunstâncias propõe-se a criação de "bilhetes
familiares" para acesso das famílias às diversas actividades
culturais. Estes bilhetes teriam um custo da ordem dos 2.5 vezes o custo de
um bilhete unitário e permitiriam a entrada de toda a família nuclear, ou
seja, pai, mãe, filhos e filhas, independentemente do seu número.
Não se vislumbram dificuldades para que estes
"bilhetes familiares" não possam existir desde já nos museus,
especialmente nos pertencentes ao Estado e às Autarquias, e nos parques de
diversões. Muito provavelmente as receitas destes organismos não seriam
penalizadas, antes pelo contrário, pois as famílias numerosas que hoje os não
frequentam podiam passar a visitá-los.
Para as famílias numerosas o "bilhete
familiar" seria um oportuno benefício que permitiria aos seus filhos terem
acesso, como as outras crianças ou jovens de famílias menos prolíferas, a acções
ou actividades de natureza cultural, o que se afigura de toda a justiça.
A.F
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