Política Familiar e Cidadania Activa

Assistimos, no dia-a-dia, ao agravar de situações como a violência nas escolas, o abandono escolar, a solidão dos jovens e dos adultos, o aumento do consumo de droga e do álcool que requerem, com urgência, decisões políticas claras a favor da dignidade humana e da família.
Mães e pais europeus “politicamente correctos” vivem um dia intenso de trabalho, praticam desporto, passam férias com a família, preparam o jantar para e com os filhos, mas sentem-se completamente perdidos quando pretendem transmitir aos filhos que as suas vidas têm sentido.
E porquê?
Porque estão desprovidos de crenças fortes, porque têm no centro das suas vidas um vazio indeterminável que não se preenche com a loucura do “ter”. Vivem o “ter mais” como uma ambição sempre insatisfeita: ter mais dinheiro, ter mais poder, ter mais prazer. Sentem que na sua geração os referenciais se alteraram e que os critérios se diluíram nos interesses.
Falam de valores, mas como não os vivem, não os transmitem. Assiste-se a diálogos de surdos: em época nenhuma se falou tanto de justiça, mas por outro lado parece que cada vez as injustiças são maiores; nunca se falou tanto em direitos e nunca estes foram tão espezinhados; nunca se falou tanto em ética, mas agarram-se os bocadinhos de ética que agradam, faz-se um cocktail e ... vai-se vivendo. É a ética à medida de cada um.
É esta a sociedade em que vivemos: “light”, superficial e confusa, porque não tem tempo para pensar e perdeu o espírito critico. Egoísta, incapaz da gratituidade, do sentido de serviço ao outro e com uma grande insensibilidade e indiferença.
Não vale a pena dramatizar, nem entrar em comparações bloqueadoras.
Esta é a realidade.
E é com esta cultura, com estas pessoas fragilizadas que temos de romper o círculo e avançar para uma cidadania activa.
Como?
Agarrando o que há de positivo no ser humano, valorizando a sua dignidade e tendo uma ideia muito clara de Bem-Comum.
A Família é o campo natural de cultura das virtudes humanas sem as quais não há vida cívica digna.
É nas Famílias que conhecem os seus direitos, que vivem com sentido de responsabilidade os seus deveres e acreditam que é pelo testemunho que os valores próprios da pessoa humana se transmitem, que reside a esperança da humanização desta “aldeia global” em que vivemos.
Os direitos da Família estão compilados na “Carta dos Direitos da Família” da Santa Sé, publicada a 22 de Outubro de 1983.
Esta Carta tem a finalidade de apresentar à sociedade actual os direitos fundamentais inerentes à sociedade natural e universal que é a Família.
Não há que falar em valores ultrapassados e em valores progressistas. Os únicos valores que temos de defender são os que respeitam a dignidade da pessoa humana.
É por acreditarmos que só é possível mudar a mentalidade actual do “ter” para uma cultura do “ser” através da base, da família, que lutamos por uma política global e integrada que dê à família, concomitantemente à família numerosa, um estatuto justo, equitativo e participativo.
O princípio da Subsidiariedade, que todas as sociedades democráticas devem defender, significa que os governos não devem substituir a família, mas sim estimular, dar condições para que cada família cumpra as funções que lhe são próprias.
O que pode ser feito pela família (melhor e mais barato) não deve ser assumido por outras estruturas sociais. A Subsidiariedade não é apenas um limite imposto à intervenção de uma autoridade superior, é, também, uma obrigação para essa autoridade, agir no sentido de proporcionar, neste caso à Família, os meios adequados à realização das suas finalidades específicas.
O princípio da Subsidiariedade desdobra-se, portanto, em dois aspectos indissociáveis:
- O direito de cada um ao exercício das suas responsabilidades nas áreas em que melhor possa realizar-se;
- O dever dos poderes públicos de proporcionar a cada um, os meios a uma plena realização.

Marieta Seixas da Fonseca
Vice-Presidente da Direcção da APFN

[anterior]

Outros artigos

EDITORIAL - E cá estamos de novo a acabar outro ano!

Finalmente Sede Própria - No dia 5 de Dezembro, pelas 18:30...

Conferências APFN 2001 - A APFN prosseguiu durante o corrente ano...

Capitais de Distrito: Família, Política Familiar e Poder Local - Dando continuidade ao ciclo de conferências...

O novo Orçamento - Como tantas outras instituições e associações...

Livros Escolares - Venho por este meio fazer o meu comentário...

Cheques de educação em Valência - Se os Pais devem poder escolher...

Uma palhinha apenas! - Os pastores chegaram e tornaram a partir.

Para haver Natal este Natal - Talvez seja preciso reaprendermos...

Serões em Família - Volume 2 - A APFN deu início a uma colecção exclusiva de CD's...

XX ANIVERSÁRIO DA “FAMILIARIS CONSORTIO” - No nosso tempo, a família...

Primeiro casal  beatificado - Luigi Beltrami e Maria Corsini...

Apontamentos de uma voluntária - Ser voluntário para qualquer acção...

O que se anda a fazer no resto da Europa - Franceses voltam às boas maneiras
«Diz bom dia à senhora!»

Já reparou? - Agora que o Euro está quase...

CONCURSO - Convidamos crianças ( 8-12)...

APFN e a Internet - A APFN tem, desde o início...