Nos nossos dias, são cada vez mais os Pais que se dão conta de que a televisão que recebemos pode não ser afinal aquela “baby-sitter” inofensiva, discreta e barata, a que julgaram poder confiar os seus filhos, mesmo em horas inicialmente dedicadas a programação infantil.
No intuito de ajudar as famílias a controlar o uso que os seus filhos fazem da televisão, retirámos do livro “Comandados à distância”, um extracto de uma entrevista com uma professora primária americana, Kimberley Palmer, que refere as seguintes características, como típicas das crianças que vêem demasiada televisão:
   “A criança que vê muita televisão (criança média) tende a ser menos pronta a seguir instruções ou escutar conselhos.(...)  mais agressiva e tende a achar que essa agressividade é natural(...), tende a ter um sistema de valores desordenado e é prejudicada por uma noção distorcida do que  correcto ou errado. A criança média, mesmo no quarto ano, já é, em perspectiva, sexualmente permissiva.(...) em vez de adoptar a orientação da família, da igreja ou da escola, imita as personagens da televisão e do cinema – até na linguagem, nos modos e no comportamento. A criança média não gosta de ler seja o que for e opõe resistência a qualquer oportunidade de melhorar a capacidade de escrever. (...) tem falta de criatividade, é apática e tem pouca imaginação. (...) tem uma noção distorcida e aberrante da realidade e do mundo – tendente a fazê-la viver num estado de permanente receio.
   Quanto às crianças que vivem em casas onde é fortemente controlado o acesso  televisão, essas, em geral, são ávidas por aprender; nas visitas de estudo fazem muito mais perguntas do que a criança média; gostam de ler; gostam de escrever; são criativas e sentem entusiasmo pela vida em geral.(...)”
   Alguns dos leitores, certamente, estarão de acordo e outros não... porque eventualmente, não vêem essas características nos seus filhos, mas de qualquer modo são já muitos os estudos sobre os efeitos perniciosos da televisão e, sabendo que o que mais importa é educar os nossos filhos para saberem usar com critério os Media à nossa disposição, não resistimos a citar palavras de Milton Chen, especialista norte-americano, que afirma em entrevista à revista australiana “Perspective”(Abril 95) que o televisor até pode ser um eficaz instrumento educativo, na condição de a família seguir uma boa “dieta” televisiva e de os pais não deixarem os seus filhos sozinhos frente ao televisor. No seu entender, os pais são os grandes ausentes na relação entre crianças e televisão, pois os pais deveriam ser a primeira linha de defesa dos filhos contra a violência, o consumismo e os estereotipos que a televisão apresenta. Com efeito, os pais podem servir de “altifalantes” das mensagens positivas da televisão e anular as negativas.
   Chen refere ainda a existência de estudos norte-americanos sobre famílias que “funcionam” bem, para descobrir o modo como elas organizam a vida familiar por forma a atender às necessidades dos filhos e dos pais, e concluiu-se, entre outras coisas extremamente interessantes, que estas famílias dedicam cerca de 30 horas semanais a actividades educativas tais como: ler em família, realizar tarefas domésticas em conjunto, montar puzzles, jogar, conversar uns com os outros ou com amigos, visitar algum museu ou fazer um passeio ao campo, etc. E nessas actividades em família, também pode estar algum programa infantil de televisão.”
   Muito mais fica ainda por dizer, mas não poderemos acabar sem recordar que a nós, pais, cabe o primeiro dever de dar bom exemplo, também neste campo, e de reduzir e controlar, não só o tempo de permanência diante da televisão, como também os conteúdos da programação que se vê em nossas casas e, consequentemente, a bem das nossas próprias famílias, numerosas ou não, importa que também nós encontremos, com imaginação e bom senso, actividades alternativas atractivas.
      Fátima Fonseca (ACMedia- Associação de Consumidores dos Media)

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