Há poucos meses, foi apresentado um relatório da McKinsey, que apontava a falta de produtividade e competitividade portuguesa, razão principal da crise económica, para a "informalidade". "Informalidade" é a tradução para "economês" do termo bem conhecido dos portugueses "bandalheira". Mas, porque a divulgação do nosso boletim já extravasa, em muito, o círculo dos sócios da APFN, manter-nos-emos, neste editorial, em "economês".
A "informalidade" consiste em vivermos num país em que as leis não passam de simples opiniões. Por isso, há tantas, e com tantas contradições. Porque há uma enorme ausência de autoridade, de cada vez que existe algum problema, não se procura saber quem foi o responsável e onde se falhou.
 Quando muito, poder-se-á nomear um grupo de trabalho, que acaba por ser dissolvido anos mais tarde, muitas vezes sem se tentar saber a que conclusões chegou. É por estas e por outras, que Portugal é campeão nas "causas desconhecidas" como razão para a ocorrência do que quer que seja, nomeadamente queda de pontes, acidentes de trabalho, ferimentos em crianças, morte de idosos no Verão ou no Inverno, acidentes na estrada, etc.
Enfim, aquilo que é uma característica própria dos portugueses e de que, infelizmente, muitos se orgulham, chamando-lhe "capacidade de improvisação", é, afinal, razão da nossa "desgraça", implicando, nomeadamente, que o Estado tenha que tomar medidas por forma a dar mais força à Lei, valorizando quem a cumpre e penalizando quem não a cumpre.
E a que é isto vem a propósito? O que é que isto tem a ver com a Família?
É que, precisamente no campo da Família, o tal "elemento base da sociedade", a "informalidade", causa directa do crescente número de problemas infantis e juvenis, é fortemente apoiada pelo Estado. Pelo contrário, este penaliza os casais que constituem formalmente a sua Família, obrigando-os a pagar mais impostos só pelo simples facto de se casarem formalmente, e acenando-lhes com fortes benefícios fiscais (e não só) se se divorciarem, nem que seja apenas "informalmente".
Ao fim de três orçamentos gerais do Estado efectuados por este Governo, já não é imputável esta escandalosa situação ao anterior Governo, apesar de ter sido este a aumentar os fortes incentivos à "informalidade familiar", com os resultados brilhantes que estão à vista de todos.
A APFN espera que o próximo ano 2004, em que se celebra o X Aniversário do Ano Internacional da Família, este Governo finalmente aplique as recomendações do relatório da McKinsey ao "sector Família".

Fernando Castro
Presidente da Direcção

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