Os desafios colocados pelo
envelhecimento da Europa
O envelhecimento da população significa um aumento
da dependência e um eventual decréscimo do potencial crescimento.
Segundo as Nações Unidas, do total de países da
esfera europeia, apenas um apresenta uma taxa de fecundidade acima da
média - a pobre e pequena Albânia. Os restantes, da Rússia à Irlanda,
evidenciam taxas de fecundidade que variam entre uma taxa bastante baixa
ou quase inexistente. A Europa está na iminência de se tornar num lar da
terceira idade. A Europa foi, em tempos, pioneira da modernidade. Hoje,
é o protagonista de uma transformação demográfica - juntamente com o
Japão e as pequenas e prósperas economias da Ásia-Pacífico. O
Departamento para População das Nações Unidas estima que a população
europeia decresça 13% entre 2000 e 2050 e que a média etária aumente dez
anos, passando então para os 48 anos.
A baixa fecundidade e o aumento da esperança de
vida são os pilares destas mudanças. Ambos os factores resultam de
situações benignas: o controlo da fertilidade por parte das mulheres e o
crescente bem-estar das sociedades.
Estas alterações demográficas (ver caixa) implicam
não só um aumento rápido da dependência, como um eventual decréscimo do
potencial crescimento económico. Segundo a Comissão Europeia, a Europa -
encarada como um todo - , poderá muito bem assistir a uma acentuada
quebra da taxa de crescimento, a qual pode descer dos 2-2 1/4 % ao ano
para cerca de 1 1/4%. Neste contexto, faz sentido concluir que o
envelhecimento da população é nefasto para o crescimento da
produtividade e, consequentemente, para o potencial crescimento, que
pode descer abaixo dos 1% ao ano. Em Itália, seria ainda mais baixo.
Ainda segundo a Comissão, a actual quota-parte do PIB mundial pode
descer dos 18% para os 10%, enquanto a quota-parte dos EUA pode subir
dos 23% para os 26% - uma mudança de peso à escala mundial.
Como fazer frente a estes desafios?
Os desafios não são, contudo, meramente económicos.
Uma sociedade onde mais de 40% da população se situe acima dos 60 anos e
apenas 13% esteja abaixo dos 14 anos - cenário previsto para Espanha e
Itália , é, no fundo, uma situação sem precedente, além de preocupante.
Com taxas de fecundidade próximas dos 1%, a população nativa fica
reduzida a metade a cada nova geração. (...)
Assim, em primeiro lugar, é necessário lidar com os
obstáculos que se colocam à fecundidade. A actual geração de potenciais
mães pode apenas ter alterado o seu calendário de concepção, embora não
haja certezas. As sociedades devem analisar cuidadosamente todos os
entraves que se coloquem à conciliação das ambições pessoais com a
paternidade. Os recursos públicos devem ser empregues não na assistência
aos idosos, mas no apoio às famílias com crianças.
Em segundo, e como parte integrante da reforma do
sistema de pensões, devem combater-se, a todos os níveis, os obstáculos
que impeçam uma maior participação da mão-de-obra, em especial daqueles
que tenham mais de 60 anos. A ONU estima que em 2050, mais de 10% da
população de países como a Áustria, Bélgica, Finlândia, França,
Alemanha, Grécia, Itália, Noruega, Eslovénia, Espanha, Suécia e Suiça
terá mais de 80 anos - ou seja, serão eles a chamada terceira idade. A
maioria dos cidadãos entre os 60 e os 80 anos - que constituirão
20% a 30% da população em 2050 - deverão
sustentar-se a si próprios.
Em terceiro lugar, devem suprimir-se todos os
obstáculos ao aumento da produtividade. Os governos deverão, igualmente,
contribuir para a acumulação de capital da qual depende o futuro
bem-estar das suas sociedades. Por esta razão, é inaceitável qualquer
défice fiscal.
Em quarto, deve gerir-se a imigração. As pressões
relativas à imigração vão acentuar-se devido às baixas taxas de
crescimento populacional e à elevada taxa de natalidade registada nos
países vizinhos. Este tipo de imigração deve, porém, ser planeado por
forma a minimizar atritos, capitalizando antes os benefícios.
Trata-se de uma vasta agenda. Será, sem dúvida, uma
árdua tarefa para os países ricos da Europa Ocidental e, ainda mais
árdua, para a Europa Central e de Leste que têm de fazer face aos mesmos
desafios mas com salários inferiores. Estes devem, antes de mais,
aproveitar os próximos dez a vinte anos para crescer, de forma a que as
suas economias possam alcançar os padrões de vida dos seus vizinhos
ricos.
Sul do continente com declínio mais acentuado
No Sul da Europa o declínio da taxa de natalidade é
o mais acentuado: 1,45 em Portugal, 1,27 na Grécia, 1,23 em Itália e
1,15 em Espanha. Em 2050, prevê-se que a média etária destas populações
oscile entre os 49 anos, em Portugal, e os 52 anos, em Itália. Estima-se
que a população decresça entre os 8% em Espanha e os 22% em Itália.
Os três países mais ricos do centro da Europa,
Alemanha, Áustria e Suíça, registam igualmente baixas taxas de
natalidade: Áustria (1,28), Alemanha (1,35) e Suíça (1,41). Prevê-se,
também, que a população suíça diminua 19% em 2050, a austríaca, 9% e a
alemã, 4%. A modesta descida prevista para a Alemanha justifica-se com
base no aumento da imigração.
Nos países do Norte e Leste da Europa, regista-se
uma taxa de natalidade relativamente alta que oscila entre uma taxa mais
elevada na Irlanda - 1,9 nascimentos - e uma mais baixa, no Reino Unido
- 1,6 nascimentos por cada mulher. Os restantes países encontram-se no
meio desta tabela: França (1,89), Noruega (1,8), Dinamarca (1,77),
Finlândia (1,73), Luxemburgo (1,73), Holanda (1,72), Bélgica (1,66) e,
por fim, a Suécia (1,64). A população do Reino Unido deverá crescer 13%
devido, em grande parte, à imigração.
Os países candidatos à União Europeia - incluindo a
Bulgária e a Roménia - , registam baixas taxas de natalidade que podem
variar entre os 1,1 na Letónia e os 1,32 na Roménia, enquanto o maior
candidato, a Polónia, regista 1,26. Estes países sofrerão, igualmente,
grandes quebras populacionais nos próximos cinquenta anos, podendo
oscilar entre uma pequena descida de 8% na Eslováquia e uma descida
acentuada de 52% na Estónia.
O maior abrandamento de crescimento de população,
porém, deverá verificar-se mais a Leste. Estima-se que a população russa
decresça em 30%, acompanhada de perto pela Ucrânia, com uma descida de
36% entre 2000 e 2050.
Diário Económico - 21 Mar 03
Exclusivo DE/Financial Times
Tradução Ana Pina
[anterior] |
Outros artigos
Editorial
Uma Justa Sentença
15 de Maio Dia Internacional da
Família
A APFN e @ Internet
A sociedade não evolui se
excluir a vida e a família
Acordo com
Sacoor Brothers e Galp
Alteração ao regime de
subsídio familiar
Autocolante para a viatura
Família — Um Desafio
8 de Março - Dia Internacional
da Mulher
Católica Apresentou Instituto
de Ciências da Família
Escolha na educação promove
competitividade
O NÓ DO AMOR
Os desafios colocados
pelo envelhecimento da Europa
Plano +Famili@
Protocolo entre o Ministério
da Educação e o MDV
Refeição em Família é mais do
que sentarem-se juntos à mesa
Reunião de Delegados
Distritais da APFN |